Quem me lê

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Havia uma mulher, morena, cabelos curtos castanhos...


Não sei se isso acontece com muita gente, mas as vezes tenho a sensação de ser muitas pessoas, de viver vários tipos de vidas, de me dividir em várias peças, como as peças de um quebra cabeças...
Observei um dia, uma mulher, muito simples, num local histórico onde hoje é um centro cultural e sempre há vários eventos gratuitos; ela pegava sua senha para a entrada de um desses eventos e enquanto esperava, tirava da sua bolsa um lanche e comia ali, bem na dela, calmamente.Eu olhava aquela mulher e achava muito interessante a busca dela por um pouco de arte, de cultura, enquanto tem muitos por aí que não dão a mínima para isso e que as vezes tem mais condições.
Parecia-me que ela queria viver uma outra realidade em sua vida e isso não me saiu mais da cabeça!
Todas as vezes que eu ia neste local, na maioria das vezes eu a via ali, mas de repente ela sumiu!Passou um bom tempo, algumas semanas atrás a vi novamente, desta vez estava toda suja numa calçada, como uma moradora de rua.
Senti a desilusão daquela mulher, olhar perdido, como se para ela não houvesse mais chances, nem oportunidades, o sonho de viver em outros mundos, viajando através das artes de outras pessoas, para ela havia terminado!
Eu me detive na vida dessa mulher e ela ainda não me sai da cabeça, fico sempre pensando, no que levaria uma pessoa que busca conhecimento, que gosta de arte, de respirar esse ar clássico; fico pensando, o que levou esta pessoa estar onde está?
De repente, me ocorreu que poderiam ser tantas as respostas, que não ouso tentar arriscar uma, para satisfazer a minha curiosidade...
Fato é: Esse epsódio marcou muito as minhas lembranças, pode ser que ela pensa que ninguém a vê, que ninguém sequer lembra-se dela, mas eu sim!
Se para ela eu sou uma anônima, para mim ela é bem real, e uma pessoa marcante na minha memória, tanto que agora me ponho a escrever sobre ela!Fico imaginando:Será que ela já pertenceu à uma família de posses? Será que já foi uma artista, escritora? Será que já viveu um grande amor em sua vida? Será que tem filhos?
São perguntas que acho, nunca saberei as respostas...
Mas quero que se registre isso: Havia uma mulher, morena, cabelos curtos castanhos, estatura mediana, que desfilava sua humilde presença no saguão deste centro cultural, que sabia apreciar as artes e que por alguns momentos saia de sua triste realidade para se transformar em alguém importante no seu interior e se fez importante para mim, pois senti sua alma sensível que exalava seu perfume de flores silvestres, para alguém que como eu, podia sentir sua importante presença!

By Cristina Almeida

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